Você já comeu sua vacina hoje (vacinas comestíveis)? E as vacinas geneticamente modificadas ou transgênicas, o que são?

Muito se fala sobre a biotecnologia e plantas geneticamente modificadas, mas poucos sabem que a transgenia é utilizada com muito sucesso na saúde há mais de duas décadas. Sua primeira aplicação comercial aconteceu em 1982, com a produção de insulina para o tratamento de diabetes. Nos últimos anos, dentre as principais evoluções na área estão as vacinas transgênicas e comestíveis, que, por conta dos benefícios que apresentam, atraem cada vez mais investimentos e pesquisas.

Porém ainda hoje, muitas pessoas não têm acesso às vacinas mais importantes contra difteria, tuberculose, tétano e pólio. Morrem milhares de pessoas em virtude de enfermidades, pela falta de vacinas, medicamentos, vermífugos e saneamento básico, além da falta de comida. A situação é ainda mais crítica em países pobres ou em conflitos sociais, onde o serviço público de saúde sequer existe. Esta situação poderia ser modificada mediante o fornecimento de alimentos geneticamente modificados (com maiores teores de vitaminas, minerais e proteínas) e das vacinas via oral (comestíveis).

No início da década de 1990, Charles Arntzen imaginou uma forma de resolver estes problemas de uma maneira muito barata e eficaz: criar alimentos geneticamente modificados, capazes de produzir vacinas. Após mais de 20 anos, dentre as principais evoluções estão as vacinas transgênicas e as comestíveis. As vacinas comestíveis possuem diversas vantagens: não precisam ser refrigeradas, não é necessária a utilização de seringas e estas vacinas quando ingeridas encontram-se protegidas do suco gástrico (pelas paredes vegetais), sendo liberadas gradativamente já no intestino delgado.

 

Em 1995, Arntzen conseguiu obter plantas de tabaco que produziam uma proteína antígena para o vírus da hepatite B, testou em ratos e estes se tornaram imune à doença. Em 1998 Hilary Koprowski desenvolveu uma alface geneticamente modificada com um antígeno da hepatite B. Em 2000 William Langridge desenvolveu tomates e batatas com vacinas para as três principais causas da diarréia. Alimentando animais com estas frutas ou tubérculos, conseguiram resultados excelentes: as cobaias tiveram respostas positivas de imunidade da mucosa e sistêmica e não contraíram a doença quando expostas aos agentes patológicos reais. Muitos resultados deixam claro que as vacinas comestíveis são, de fato, eficazes.

 Um dos obstáculos da produção das vacinas comestíveis é a escolha da planta ideal, pois cada uma apresenta vantagens ou desvantagens. As batatas se propagam rapidamente e podem ser estocadas por longos períodos, mas devem ser ingeridas sem cozimento, o que não é uma prática comum. As folhas de tabaco, extensivamente estudadas, não fazem parte da dieta de nenhuma população. As bananas não precisam ser cozidas, mas levam anos para dar frutos, e estes são sazonais. Por isso, outras plantas têm sido testadas, como alface, cenouras, amendoins, trigo, tomate, milho arroz e soja. Além disso, algumas empresas farmacêuticas tentam promover descrédito na estratégia das vacinas comestíveis, por razões óbvias: o mercado das vacinas injetáveis representa bilhões de dólares. Outro desafio é que estas vacinas não sejam rejeitadas pela população que, pela falta de informação, acredita que os alimentos geneticamente modificados são perigosos para a saúde.

 

Além dos benefícios das vacinas comestíveis, estão as vacinas geneticamente modificadas. O professor de Biologia Geral da UFMG, Vasco Azevedo, explica que, além dos benefícios econômicos, a produção de vacinas transgênicas pode resultar em soluções diretas à saúde humana. Vacinas transgênicas contra a tuberculose, leishmaniose, Doença de Chagas, esquistossomose e malária já são pesquisadas e, no futuro, até a AIDS pode ter cura, graças à biotecnologia. Segundo a zootecnista Ana Karina Salman, do Centro de Pesquisas Agroflorestais da Embrapa Rondônia, as vacinas transgênicas também garantem vantagens com relação à segurança. “A imunização convencional oferece risco ao paciente, pois é produzida com vírus ou bactérias vivas, que atenuam o sistema imunológico na produção de anticorpos ou imunidade celular, podendo desenvolver a doença que se pretende prevenir”. Para a pesquisadora, as vacinas transgênicas são mais seguras, pois são desenvolvidas utilizando uma parte da molécula do DNA ou de uma proteína do agente causador da doença, ou até mesmo o próprio agente causador modificado geneticamente, para que o mesmo se torne não-patogênico. 

 No Brasil, diversos centros de pesquisas já trabalham no desenvolvimento e produção de vacinas transgênicas. O Instituto Butantan, que desde 1995 produz em escala industrial uma vacina transgênica contra a Hepatite B. A Embrapa Recursos Genéticos e a Embrapa Gado de Corte também já desenvolvem projetos para a imunização via transgenia contra carrapatosem bovinos. Outradoença que poderá, em breve, ser controlada com a ajuda da biotecnologia é a febre aftosa bovina. O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina trabalha em pesquisas para a produção de uma vacina transgênica contra a febre aftosa.

 Em 04/2008 a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a liberação comercial da primeira vacina veterinária transgênica no Brasil, a Suvaxyn PCZ, que protege suínos contra a circovirose. A doença, comum no Brasil, ataca leitões e causa icterícia, fraqueza e morte dos animais. Recentemente (abril/20111) foi aprovada para uso comercial pela CTNBio uma nova vacina geneticamente modificada de uso veterinário contra doenças em aves. O produto atua contra duas importantes enfermidades em aves, a doença de Marek (caracterizada por tumores em diferentes regiões do corpo) e a laringotraqueíte infecciosa (doença respiratória). Ambas são graves e frequentemente levam o animal à morte. Com essa aprovação, já são doze vacinas geneticamente modificadas (todas de uso animal) liberadas para comercialização no Brasil (além de oito variedades de algodão, cinco de soja, 15 de milho e uma levedura para produção de biocombustível).

Com o maior desenvolvimento destas vacinas, grandes avanços acontecerão, tanto para a saúde humana, como para a animal. Apenas reforçando, que nem todas as vacinas geneticamente modificadas são comestíveis. São dois tipos de vacinas desenvolvidas pela biotecnologia:  uma é produzida por um vegetal e pode ser consumida (por isso são chamadas de comestíveis), e a outra é produzida através de técnicas de biotecnologia, mas precisam ser refrigeradas, etc .

Um vídeo sobre vacinas transgênicas: http://videos.engormix.com/pt/10353/vacinas-transgenicas/p0.htm

Fontes

Monsanto

CTNBio

http://www.profpc.com.br/Vacinas%20Comest%C3%ADveis/Vacinas_comest%C3%ADveis.htm

http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=10988

http://www.webartigos.com/articles/33287/1/Vacinas-transgenicas-a-grande-solucao-futura-ao-nosso-alcance/pagina1.html#ixzz1LocfCoOa